Star Trek (2009 - FILME)

Sou fã de Star Trek há muito tempo (conhecida também, no Brasil, como Jornada nas Estrelas). Quando criança via todas as reprises da geração clássica na TV a cabo. E é como fã que eu fico feliz em rever os personagens dessa série clássica nesse novo filme. Mas, acreditem, não é como fã que eu digo que gostei muito desse filme. Recomendo a todos, pois tem muita ação, aventura, suspense e comédia (e um pouco de romance também). Tem de tudo. E é isso que faz o filme ser bom (claro que para mim como fã o negocio foi tremendo, até chorei de emoção – que vergonha).

A grande sacada que acredito ser possivel tirarmos desse filme, para uma aplicação a vida espiritual, é a constante demostração de uma natureza dividida, na qual vários personagens são retratados. Diferentemente da série clássica (de onde os personagens derivam) nenhum dos persongaens estão formados, muito pelo contrario, todos estão sendo formados. E digo isso tanto no aspecto militar, técnico e mesmo de carácter. É claro pode ser visto um traço de personalidade em cada um dos personagens. Muitos que aparecem, no filme, já com uma boa idade, embora todos ainda bem jovens. E o mais interessante é que não é difícil perceber onde tal personalidade irá conduzir cada um deles em um futuro próximo (sendo que a alusão é que eles hão de ser as pessoas mostradas na série de TV clássica, mas com algumas diferenças, as quais esse filme abre como precedente – e diga-se de passagem, o faz muito bem).

Vamos aplicar o que estamos falando: Em Kirk vemos, antes do poderoso capitão, apenas um jovem perdido; o qual sofre pela perda precoce do pai e pelo abandono da mãe (uma dessas aberturas a série original feita por esse filme). Mas é no meu personagem favorito que encontra-se a maior aplicação espiritual do filme. Quem já conhece pelo menos um pouco a série clássica sabe que me refiro ao Sir Spock.

Nesse filme existem dois Spock. O do futuro, interpretado pelo ator original da serie clássica, vem para fazer contra ponto a versão mais jovem e um tanto insegura, muito bem interpretada por Quito. Insegurança essa vinda de uma natureza dividida pela forma com que foi concebido. Um hibrido proveniente de um pai Vulcano (um dos planetas que o filme retrata) e mãe Terráquea. Desde criança cabe a ele decidir qual das duas naturezas deverá denominar as reações e escohas futuras.

Para aqueles que não entendem de primeiro o que isso quer dizer dentro da série, irei explicar. A natureza vulcana é completamente oposta da terráquea. A menos que você, querido leitor, não seja humano será complicado explica-lo. Mas partindo do ponto de que nenhum ET está lendo o que escrevo, vamos lá. Pare e pense como nos terráqueos somos emotivos. Amor, Paixão, Ódio, Rancor, Raiva, Bem, Mal, entre diversas outras palavras que a cada dia usamos simplesmente porque não conseguimos expressar, de outra forma, o que significam tais sentimentos.

Tente explicar o que é o amor, a raiva ou o ódio. Você irá notar como é difícil fazer isso, sendo muito mais fácil sentir do que explicar. E é por isso que essas palavras fazem muito sentido para nos seres humanos, não porque elas expliquem um sentimento, mas porque ao ouvirmos-na lembramos de um sentimento. Não porque entendemos todo um grande conceito por detrás dela, mas simplesmente porque nelas temos exemplificado um sentimento comum a todos que nos cercam.

Tais palavras são inexistentes no planeta Vulcano. E mesmo se existissem elas tão pouco poderiam ser exemplificadas. Afinal, os vulcanos a muito tempo atrás conseguiram vencer tais sentimentos e começaram a viver apenas através da razão. Mesmo na terra, que eu e você conhecemos, isso já foi tentado. Quando dividimos a história humana percebemos um período chamado modernismo. Essa época da vida humana teve como características principais a busca por explicar todas as coisas pela razão, colocando de lado os sentimentos e emoções, sendo pautados por aquilo que é lógico (percebe as semelhanças?).

Foi planejado que a humanidade um dia chegaria a ser aquilo que Vulcano conseguiu ser, mas é só olhar ao nosso redor, e perceberemos, que mesmo em um futuro muito distante isso não parece que será possível (e no filme, que se passa em um futuro bem distante, realmente não foi possível, veja as diferenças mostradas entre os dois povos, principalmente no modo de vida de Kirk e Spock).

Agora voltemos a nossa discussão sobre como deve ser cruel ser o Spock. Durante todo o filme uma frase me marcou muito. Quando Spock, ainda criança, arruma uma briga com alguns “colegas de classe”. O pai entra em cena para tentar ajudar o filho, e solta uma das frases mais fantásticas do filme: “Meu filho. Você sempre será filho de dois mundos. E cabe a você decidir qual deles irá prevalecer”.

Por toda a trama vemos um Spock dividido, com altos e baixos, mas sempre seguindo em frente e fazendo diferença seja lá onde ele estiver. Gosto de ver a crise desse personagem, pois me identifico muito com ela. Na minha bíblia eu também sou descrito como um ser com duas naturezas. Não sou metade Humano, metade Vulcano. Então, afinal, o que a bíblia diz que eu sou?

Sou um ser criado à semelhança de Deus, mas que caiu totalmente em pecado. Fui criado para viver em um local perfeito, mas ao que tudo parece, vivo em um mundo de caos. Tenho duas naturezas, um humana-celestial e outra humana-pecadora. Embora seja muito ruim tudo isso, ainda tenho como dizer que sou feliz e tenho esperança. Bem parecido ao Spock, apesar das dificuldades que ele tem, ele ainda vive e tem grandes planos para o futuro. Pois afinal, nos dois somos igualmente responsáveis por determinar qual das naturezas hão de prevalecer.

No meu caso: Sou feliz, pois Deus me prometeu salvação. Prometeu-me que um dia irei viver em um outro local. Local esse que será bem parecido com os mais belos locais dessa Terra, mas serão incrivelmente melhores. Realmente serão muito, mas muito melhores. Um Terra totalmente nova e sem defeitos. "Onde nenhum homem jamais esteve".

Tenho esperança nessa promessa e por isso quero fazer o mesmo que o Spock nesse filme. Buscar a excelência onde eu for. Fazer o meu melhor. Me destacar e mudar o mundo cada vez para melhor. Não porque eu acredite com meus sentimentos que isso será possível, não que eu sinta em meu coração que irei conseguir tornar o mundo um local perfeito. Não mesmo.

O que me motiva e me enche de esperança é a certeza de que apenas a razão pode me dar. Ao entender que Deus me amou de tão maneira e tem um plano incrível para restaurar a humanidade. Eu não tenho como duvidar de que essa lógica é tremenda e dará resultados. Não tenho como duvidar de que Deus está no controle de tudo. Todo o plano para o termino do Grande Conflito (aquele entre Deus e Satanás) é tão cheio de lógica, que não deixa lugar para duvidas. Deus irá vencer e renovará todas as coisas. Ao ter essa lógica em mente, quero buscar a cada dia esse local, nem que para isso tenha que fazer uma incrivel viagem.

Mesmo que meu coração algumas vezes vacile. Mesmo que meus sentimentos digam que talvez nada mais tenha solução (e isso ocorre com muita frequência). A razão deve prevalecer. Eu sei que sempre serei “filho de dois mundos”, e sei que cabe a mim “decidir qual deles irá prevalecer”. E é por isso que escolho o melhor dos mundos. Escolho o mundo que Deus está preparando para mim.

Afinal, escolher outro mundo seria ilógico.

Um comentário:

  1. Em primeiro lugar, p-a-r-a-b-é-n-s por esta iniciativa!!! Isso só podia partir de cabeças como as de vocês. Parabéns também pelas relações que tem sido feitas entre os filmes e a filosofia cristã. Já estou pedindo autorização para usar este texto em particular em um debate com meus alunos na EAC. Foi maravilhoso que vcs tenham compartilhado com a gente. Que Deus continue abençoando e iluminando a todos nesse trabalho.

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