Missão Babilônia (FILME)

O ser humano sempre teve muita curiosidade sobre como seria o futuro. E o futuro pode ser entendido (ou percebido) de várias formas diferentes, incluindo ai o fim do mundo ou quem sabe um mundo pós-apocalíptico. Parece algo intrínseco da humanidade essa busca por descobrir como será o fim (seja o fim de um jogo de futebol, ou quem sabe o fim de uma dificuldade ou o fim de nossas vidas).

Sempre estamos em busca de um final que venha justificar tudo o que estamos vivemos. E queremos isso muito para que tudo o que estamos passando, seja bom ou ruim não venha ver em vão. Afinal de contar "para onde estou indo?" e "porque isso tudo está ocorrendo?" são algumas das grandes perguntas que nos motivam a continuar a viver.

Missão Babilônia se aproveita dessa curiosidade humana e tenta realizar um filme um pouco mais inovador do que a grande maioria existente por ai (e convenhamos, a maioria sempre cai em um amontoado de clichês). A boa notícia é que até na metade do filme temos algo interessante, algo realmente novo.

Conseguimos identificar diversos elementos apocalípticos, mas não é possível entender como foi que a humanidade chegou até aquele estágio. E isso de certa forma faz um sentido tremendo dentro de nossa realidade social, pois quando olhamos para tudo o que ocorre de ruim em nossas vidas ou no mundo, também não conseguimos entender o porque de estarmos aqui e para onde tudo está indo. E o que mais me agradou nessa primeira metade de filme é justamente não se dar importância a como a humanidade chegou até ali, embora seja fácil acreditar que do modo com que as coisas estão indo não é difícil tal caos ser gerado um dia.

Só que (sempre parece existir um só que), é nesse momento que o filme começa a desandar, e para falar a verdade ele desanda muito mesmo. Não sei como foi possível para o diretor conseguir sair tanto da linha assim (embora exista a critica do próprio diretor ao estúdio e como muita coisa no filme foi modificada ou cortada – embora isso justifique algumas coisas não fornece toda a explicação, pois o filme ficou realmente muito ruim do meio para o final).

Se você tiver passando pela sala e o filme estiver ali na TV, então assista, mas antes se certifique de pegar apenas os 47 minutos iniciais, depois mude de canal, feche os olhos ou saia da sala. Essa é a melhor dica que poderia te dar sobre esse filme, mas no final a escolha é sua (e os comentários do blog estão abertos para você nos contar como foi a experiência).

Algo ficou em minha mente, depois de ver esse filme, mas não em detrimento do filme. Porque será que nos, seres humanos, buscamos tanto uma explicação sobre como será o fim do mundo? Porque esse assunto tanto nos fascina? E principalmente, porque não existe muita lógica para o que está ocorrendo no mundo em que vivermos (parece que estamos apenas seguindo uma missão a qual nem ao menos sabemos para onde vai e quais seus reais objetivos)?

Encontro o que acredito ser uma boa explicação nas seguintes palavras de C.S. Lewis: “Se eu encontrar em mim desejos que nada nesse mundo pode satisfazer a única conclusão é que não fui feito para este mundo”. Talvez essa seja uma das maiores verdades que podemos encontrar olhando para filmes de ficção apocalípticas, toda essa história em que estamos inseridos não faz muito sentido, porque simplesmente ela está pela metade. Isso mesmo, o filme da nossa vida já havia começado antes de você e eu termos nascido e provavelmente irá terminar depois de já termos morrido. Por essa razão não conseguimos entender o que está ocorrendo por aqui.

Muitos filmes de ficção tentam completar as lacunas dessa nossa história, lacunas tanto do passado como do futuro. A pergunta que devemos nos fazer é: Qual delas seria a melhor opção para explicar o passado e o futuro da humanidade? Realmente não escolheria o futuro mostrado em Missão Babilônia, embora ele seja possível de ocorrer. Ainda estou mais tentado a viver o futuro pós-apocalíptico relatado em Apocalipse 21:1-4 e o passado da humanidade como o mostrado em Génesis 1 a 3, onde vamos da perfeição ao caos. Ah, esses sim mostram uma história que tem lógica, não desandam no meio do caminho (apesar do clímax ser muio drámatico, juntando uma cruz, um homem meio morto-vivo), e no final é algo glorioso (com um elenco de primeira e música de qualidade).

Só me resta pedir que o roteirista que a escreveu (e que também é o produtor e diretor) a exiba no cinema mais perto de nós, e que isso ocorra o mais rápido possível.

ps: Existe uma leve discussão sobre religião nesse filme (a qual deveria ser muito importante para todo o enredo do filme e contribuiria muito para a discussão sobre como a religião pode dar sentido (verdadeiro ou falso) em um momento de caos na humanidade). Mas essa discussão se perdeu durante o filme. Ficou tão fragmentada que nem me motiva a discutir o assunto, embora eu perceba que era para ter sido uma grande discussão, uma pena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário